Já na
Desastrada tinha a minha bela e fresca rubrica “Pequenas e grandes pérolas”, na qual escrevia o que bem me apetecia. Quer dizer, eu sempre escrevi o que me apetece, independentemente do título que dou ao post, mas este teria de começar por algum lado e hoje optei por encher chouriço, à laia de introdução…
Completado o ponto anterior, vamos ao que interessa: já não é a primeira vez que recebo um mail com conselhos para a manutenção de um matrimónio feliz e este já não é novo para mim. Vai na volta (eu não perco uma oportunidade de colocar mais uma das expressões que gosto, pois não?) não resisti a deixar aqui algumas pérolas, que provavelmente explicarão porque raio eu não me casei. E, caso me sinta tentada, vou colocar um reminder no PDA com um link directo para este texto, já que de vez em quando preciso de mecanismos para voltar aos eixos (ninguém é certo da cabeça o tempo todo, certo?).
Saliente-se que os conselhos foram publicados em revistas das décadas de 50 e 60 do século passado. Feito o disclaimer, temos:
“Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas". (Jornal das Moças, 1957)
Pronto, por aqui já se entornou o caldo. Sempre me foi dito que o tema principal das conversas entre casais andava à volta das desconfianças e inseguranças da mulher. E agora, vão falar sobre o quê?
"Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afecto, sem questioná-lo". (Revista Claudia, 1962)
Anda cá touro cobridor! Andaste a prevaricar na rua e, agora que chegaste a casa, levas com uma dose de mimos, festinhas, beijinhos e outras carícias tão grande que nem te irás aguentar em pé amanhã, para veres do que a casa gasta… pois fica sabendo: quanto mais me encornares, mais carinhos levas, que é para aprenderes! Mainada!
"A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa". (Jornal das Moças, 1965)
Bom, se formos a ver por esse aspecto, eu mesma devo ser um homem e precisei de ler esta frase para ficar a sabê-lo…
"A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas". (Jornal das Moças, 1959)
Pena que não mencionem a marca da cerveja. É que o homem pode ficar irritado com a minha dúvida sobre qual a sua marca preferida, de acordo com o primeiro ensinamento…
"Se o seu marido fuma, não discuta pelo simples facto de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa". (Jornal das Moças, 1957)
Sim, e lavar-lhe o rabinho com aguinha de rosas, já agora?
"O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimônio. ELE é quem decide - sempre". (Revista Querida, 1953)
Claro! Já que é o marido que toma as decisões, é bom que vá treinando ainda antes do casamento, para depois não fazer má figura.
"Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite, espere-o linda, cheirosa e dócil". (Jornal das Moças, 1958)
Sim, trate de chegar a casa antes dele, lave muito bem as dentuças e masque umas pastilhas de mentol que acordam mortos (para disfarçar o hálito a álcool e cigarrilhas), tome um duche relaxante, retire esse sorriso parvo enquanto é tempo, senão, quem fica com dúvidas e ciúmes é o corno do seu marido.~
"É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido". (Jornal das Moças, 1957)
A avaliar pelo que vejo na rua, deve ser por isto que falham muitos casamentos…
"A esposa deve vestir-se depois de casada com a mesma elegância de solteira, pois é preciso lembrar-se de que a caça já foi feita, mas é preciso mantê-la bem presa." (Jornal das Moças, 1955)
Com a mesma elegância, mas não com a mesma roupa de solteira, já que aparência tende a insuflar-se depois do clássico “Sim”.
"O lugar de mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza". (Revista Querida, 1955)
Estou lixada…